quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Por mais que a gente tente...

Assistindo a “500 dias com ela” me lembrei de “Apenas uma vez”, um outro filme, aí me lembrei de antigas idéias que não são exclusivamente minhas, mas que compartilharei com vocês.

Atenção: usarei como exemplo as “relações amorosas”, mas isso cabe para (quase) qualquer situação!

Quantas vezes encontramos o “par perfeito”, aquela pessoa que temos certeza que é A pessoa. Bom, às vezes essa pessoa também pode pensar que somos A pessoa dela. Às vezes não. Mas o que vemos é que não dá certo.

Seja um “verdadeiro amor” (se é que isso existe), seja só pegação (isso sim existe), algumas coisas não dão certo. Aí, vocês, digo, nós humanos com todo nosso intelecto, assumindo a pose de animais racionais que somos nos colocamos a tecer teorias sobre o porquê de não ter dado certo. Para os mais românticos não eram almas-gêmeas; para os mais esotéricos, não era pra ter dado certo; para os que se sentem culpados, foi sua culpa; para os egoístas (stricto sensu), foi culpa dela e para os racionais demais, foi a unha do dedão que era quadrada e não arredondada...

É claro que em muitos casos existe sim uma razão (a unha do dedão fala muito sobre o caráter de uma pessoa), mas eu estou falando aqui de casos em que simplesmente, sem mais nem menos, não dá certo, não acontece. Busquem pela memória, vocês irão encontrar seus próprios exemplos, sejam com vocês ou com amigos/conhecidos.

Algumas coisas não acontecem simplesmente porque não acontecem, e ponto. É isso mesmo, não é difícil de entender. Recentemente tive de me convencer disso. Não aconteceu por que não aconteceu. Sim, teria sido ótimo se tivesse dado certo, afinal, a vida vale a experiência, mas não aconteceu. Até podemos ser os comandantes dos nossos próprios navios, mas com certeza não somos do navio dos outros. Sim, o infernos são outros, já dissera Sartre.

Enfim, por mais que a gente tente, algumas coisas não acontecem.

domingo, 3 de outubro de 2010

Ela e a lua




Deitou-se ali mesmo, naquele chão de terra batida coberto por algumas folhas secas – as últimas a caírem. Cruzou os braços por trás da cabeça, fazendo uma espécie de travesseiro, flexionou as pernas, acomodou-se naquela posição e ficou ali, parada como um cartão postal, uma estátua olhando a lua cheia.
A brisa suave que soprava e acariciava-lhe a pele branca e macia arrancava com uma brutal delicadeza o cheiro da terra abaixo de suas costas e o levava direto para suas narinas, como quem deseja dar um recado sem palavras.
Por um minuto – aquele em que encontrava-se ali – esquecera porque tinha saído correndo deixando todos a esperando, esquecera porque em sua face ainda escorria uma lágrima, só lembrava-se da lua.
Nunca foi uma amante da noite nem da lua, gostava mais do dia, da claridade, de poder enxergar as pessoas. Gostava de pessoas. Mas naquela noite sentia-se diferente, via-se transformando em alguém diferente, em uma pessoa que para para olhar a lua. Gostava desta nova pessoa.
Não se sentia sozinha já que tinha a companhia de sua mais nova amiga, e juntas conversaram, riram e choraram sem que nenhuma palavra tivesse sido dita.
Íntimas, quase conseguia tocar o luar que iluminava tudo ao redor.
E ao fim da eternidade que se seguiu de confidências trocadas e amizade selada, levantou-se e seguiu seu caminho com a certeza de que a partir de agora a lua a olhava de volta.

* Sem gracinha, mas foi o que consegui por hoje... depois volto com algo melhor!