domingo, 3 de outubro de 2010

Ela e a lua




Deitou-se ali mesmo, naquele chão de terra batida coberto por algumas folhas secas – as últimas a caírem. Cruzou os braços por trás da cabeça, fazendo uma espécie de travesseiro, flexionou as pernas, acomodou-se naquela posição e ficou ali, parada como um cartão postal, uma estátua olhando a lua cheia.
A brisa suave que soprava e acariciava-lhe a pele branca e macia arrancava com uma brutal delicadeza o cheiro da terra abaixo de suas costas e o levava direto para suas narinas, como quem deseja dar um recado sem palavras.
Por um minuto – aquele em que encontrava-se ali – esquecera porque tinha saído correndo deixando todos a esperando, esquecera porque em sua face ainda escorria uma lágrima, só lembrava-se da lua.
Nunca foi uma amante da noite nem da lua, gostava mais do dia, da claridade, de poder enxergar as pessoas. Gostava de pessoas. Mas naquela noite sentia-se diferente, via-se transformando em alguém diferente, em uma pessoa que para para olhar a lua. Gostava desta nova pessoa.
Não se sentia sozinha já que tinha a companhia de sua mais nova amiga, e juntas conversaram, riram e choraram sem que nenhuma palavra tivesse sido dita.
Íntimas, quase conseguia tocar o luar que iluminava tudo ao redor.
E ao fim da eternidade que se seguiu de confidências trocadas e amizade selada, levantou-se e seguiu seu caminho com a certeza de que a partir de agora a lua a olhava de volta.

* Sem gracinha, mas foi o que consegui por hoje... depois volto com algo melhor!

2 comentários:

  1. Poxa ficou bonito, sem contar que como sempre, muito bem escrito!

    :D

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  2. MAaaaax... ficou muito bom! E sem gracinha, você é um dos meus escritores prediletos!

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