quinta-feira, 29 de abril de 2010

Perdido

Olho para trás e vejo o quanto andei. Encho o peito, orgulhoso daquilo que acho que sou, aquele que penso ser eu. Tantas lembranças desta estrada estão gravadas na memória, as curvas, as tempestades, os momentos que troquei de direção, tudo registrado na mente e nos pés calejados.

Olho em volta e vejo o mesmo que vi no início da jornada, e que repetidamente vi ao longo dela. Tudo igual, como se o suor que escorre pela minha testa, a dor que sobe por minhas pernas, e o ar que invade brutalmente meus pulmões fossem apenas fruto de uma cansativa imaginação. Nada real.

Então o desespero me proíbe de continuar. O coração dispara, milhões de pensamentos vem e vão como relâmpagos. O que aconteceu comigo? Tudo deveria estar tão diferente, afinal, já se passaram milhares de quilômetros, dezenas de folhas do calendário. Mas não, tudo igual. Se andei, só pode ter sido em círculos.

Qual parte da minha realidade é, de fato, real e qual parte foi inventada pelas circunstâncias? O que sou eu, um alguém de verdade ou apenas mais um devaneio meu?

Sem saber o que fazer, continuo andando até que, mais uma vez, perceba que esta estrada não leva a lugar algum. Neste dia sentarei sobre as pedras, chorarei, e depois, continuarei a andar.


3 comentários:

  1. Muito bom Max!!

    Gostei pra caramba mano!

    Esse eh o menino Prodígio!

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  2. Em algumas partes, até parece os meus dias Max...
    "Então o desespero me proíbe de continuar. O coração dispara, milhões de pensamentos vem e vão como relâmpagos."


    Muito bom!

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  3. Já me senti assim, muitas vezes, nos sentimos assim, quando os própósitos não estão em raizados, quando acreditos que as coisas são permanentes, e elas não são. Quando despertar e saber que esta andando em circulos, tente, mude, crie, destrua tudo e comece de novo, entenda como a vida é única e preciosa pra perder tempo rodando em circulos. Seja todos senhores do nosso caminho.
    Pri

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